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"Todas as tentativas de tornar as coisas compreensíveis se fazem por meio de teorias, mitologias e mentiras."
(H. Hesse).

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Menino


Porque havia sido escolhido o local,
Delimitado, sancionado.
Porque os que para ali se dirigiriam saberiam onde estariam.
As arestas foram então distendidas.
Agigantaram-se as certezas, pois um local havia sido estremado,
Cumprindo assim os vaticínios.
Todos os de sangue semelhante, e os de sangue requerido,
Singraram então as correntes da dúvida e da perspectiva.
O medo do incógnito e do real dos umbrais do mundo.
Não exigir ser livre e não estar sujeito,
Souberam depois, algo havia sido solicitado.
Sem égide, rito, ícone ou figura.
Indelével no mundo, o abstrato da raça,
Pediria apenas tangível reverência
Pois sabia, que dali a frente, o absoluto, ruíra.
Uma noite eles chegaram.
Os pastores em seu movimento anunciaram.
Todos os pequeninos acorriam.
Vozes sussurrantes  no dia, veementes ao escurecer,
Floridas de histórias, eivadas de sonhos.
Luz a industriar a melancolia em esperança
Aclarar a decência, sanar o mal,
Sarar a fome e a sede de pão, verdade e amor.
Naquela noite, três homens estiveram presentes
Ao nascimento do menino.
Os pergaminhos riscados partiram túrgidos da história,
Da parturiente e do menino.
Transformaram-se em lendas, escárnio, canções,
Blasfêmias, sonhos, relicários, livros e esperanças além.
Naquela noite a palavra fez-se carne.
Morreram dúvidas e a melancolia.
A vida tornou-se mais do que nascer ou morrer.
A luz do mundo eclipsou a do Oriente, do Ocidente e mais, 
Provou que a incerteza, sempre esteve, nos outros,
Fé não era mais magia,
Fora da lógica ilógica das religiões, subsistia a palavra,
Além de toda e qualquer desesperança.

Um comentário:

Jessica Rozza disse...

Adorei o texto
Adorei a "sede de pão"
Adorei o "vaticínio" (que tive que pesquisar o significado), e o entendendo como Profecia, passou o texto a continuar fazendo sentido.

Rebuscado, porém não menos objetivo.

Parabéns!