Páginas

Bem Vindo!

"Todas as tentativas de tornar as coisas compreensíveis se fazem por meio de teorias, mitologias e mentiras."
(H. Hesse).

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nova Sessão de Cinema


                        A fase da Internet total. Açambarcados por tudo, empurrados mesmo, ondas ao léu. Correntes fátuas, e outras nem tanto. Mesmo assim, aqui estamos e as previsões pessimistas falam em eternidade. Aí me surpreendo negando, dizendo entre dentes que não! Mas que fazer? Essa é a atualidade, nossa e mundial.
            Caíram em minhas mãos alguns filmes. Novos filmes. Chegam a mancheias, desgarrados de nota fiscal, ou embrulho. Simplesmente existem.
            Tá legal, não tão novos, mas atuais. Afinal, o que em nosso século recém adentrado é novo? O que seria novo ou antigo, numa época de visão total sobre o produzido, consumido, usufruído copiado e amealhado?
            Roda o primeiro. Emoção total. Eu! O último dos hippies, mas  aquele que nunca, nunca MESMO! Provou da marijuana, diz, em alto e bom som: maravilha! Trata-se de “Power to the People”, coletânea de John Lennon, que vem junto um Cd de músicas remasterizadas.
            Passeatas! O filme é do tempo das passeatas. Quando pessoas cansadas de pensar, e publicar, e gravar, principalmente, vivenciar, reclamavam! Têm vários clipes, todos manjados. Filme bom, mas curto. Histórico, mais nem tanto. Musical, quase nada... [mais! mais!]
E mesmo assim, um portento.   A “Plastic Ono Band” tocando, enquanto, no palco, Miss Lennon faz crochê, sério, agulhas e tudo. Impagável. Clipes inteiros com imagens digitalizadas e som remaster, Miss Yoko agora assume a ponta da cena. Compreensível. Tudo do mesmo, os novos garotos não suportarão, os velhos fãs babarão. Sai Lennon de cena, cd inteiro visto, e entra um filmeco, que juro, pensei ser filmaço, e senhores e senhoras, fujam disso! ”Além da Vida” Cristna Ricci, Liam Neeson, Justin Long.
            Pessoal, a coisa deve estar feia em Hollywood. Os atores que você costuma ver incensados em publicações rasteiras sem conteúdo, como Caras, Carícia, Pascowitch, e, e, e ....São de fritar bolinhos. Lembram de “A Lista de Schindeller”? Esqueçam. Liam Neeson faz agora questão de solapar a si mesmo. Lembram de “A Lenda do cavaleiro sem Cabeça”? Esqueçam. Miss Ricci agora quer que os que a vêem, não as tenham em uso, “cabeças”, bem entendido.
            Falamos disso em uma das antigas críticas que declinamos, mas não custa repetir. Faltam idéias e ideais a Hollywood, que há muito, a indústria cinematográfica Americana, não as possui ou exercita mais. Lampejos e bandeiras. Inspiração e contundência, Arte, arte! O Sundance e outros festivais ligeiros, não podem mais se responsabilizar por tudo, além do que, o peso da Cultura Americana, importa a um pensar pesadamente ideológico, seja na forma do mea-culpa, seja na do ufanismo, seja na mera fantasia, seja na narração histórica, ou no filme político.
            “Além da Vida”. Parece título de “super produção” Brazuca, com direito a videntes e almas, e é quase isso. A “idéia” se é que existiu seria razoável, senão fosse à base de conhecido seriado, misturado a tentativa do mais barato suspense, temperado a pseudo filosofias. Senão vejamos: dono de funerária tem o poder de comunicar-se com mortos. (Sentiram?) Até o dia que chega o “presunto” novo, Cristina Ricci, em constante lingerie vermelha, e olhares espantados, de quem não sabe, ter passado dessa para melhor. Ela e o diretor desse atentado ao espírito, ou aos espíritos, não sabem onde estão ou estavam na trama. Desisto e calibro outro disquinho que começa a girar. ”A jovem Rainha Vitória” Filme de época, engraçadinho e bonitinho, romântico e cavalheiresco, fotografia impecável, figurinos idem. Locação paupérrima, para a rainha do império onde o sol dormia e se levantava.
            Onde estão as verdadeiras super produções? Estamos sendo enganados. Inúmeras cenas gravadas próximo, procurando ocultar os parcos cenários. Mas a historinha é bem escrita, mesmo transformando a verdadeira rainha, epígrafe de um século rico em dinheiro, e exigente em falsas moralidades, em mocinha redentora. Um bocado demais, mas perfeito a quem nem sabe da velha Albion, ou “saca” de política do período.
            Saí tropeçando disso, indeciso e ainda esperançoso, afinal, esperavam dois tijolaços. O “antigo” Boa Noite e Boa Sorte e o recente “Um Homem Misterioso”. São George Clooney tem “se virado.” A mira certeira e matadora de Boa Noite... Onde dirige e coadjuva, ensina, verte proselitismo artístico e incensa outra vez o diretor autoral, é comovente. Muito ajudado pela grandiosa atuação de David Strathairn.
            Já “Um Homem... É grandioso ou se torna no patamar exercício de estilo. O final meio que decepciona, tratando-se de Clooney. Pastiche “Hollidyniano”; mas pastiche do bom. Com estilo! Vale pela interpretação, fotografia, locações (Itália), clima, música correta. Comparado ao que se faz hoje na terra de Tio Sam, a história adaptada de um romance homônimo, é boa, mas não surpreende. Rola em torno de: Assassino profissional, perito em armas, decide parar de “trabalhar”. Cada vez mais a morte e a falta de perspectivas, o atormentam. A necessidade de cumprir a uma última missão e a solidão em aldeia do interior, forçam-no a encarar mais profundamente o vazio incomensurável de sua vida. Parece familiar? Pois é. Mas é muito bem feito. Não emociona, mas distrai. Ah! Que saudades de “Conduta de Risco”, ”Solaris” “ Queime depois de ler” e etc...
            Desculpe São Clooney, é o melhor que posso fazer, sem chibatar minhas crenças artísticas.
            Já cabeceando de sono, coloco “Não estou lá’.
Sabe? Festival de cinema do Rio?Do sucesso? Não? Deixa prá lá!O filme é uma ode a Dylan, Mister Bob Dylan.
Bom! Muito Bom! Se você saca algo dos anos 60. Bob, junto aos Beatles e Stones, talvez (Who, Kinks) tenham sobrado, e sejam “epígrafe” a todo um período. O termo: “juventude” é mais utilizado numa concepção sócio - histórico cultural e agrega as questões da adolescência e puberdade. Como soam engraçadas essas palavras,quando lembramos que antes deles, a juventude não existia,sendo apenas considerada, uma época que antecedia a idade adulta e responsável.
E aí, chegaram os beatinicks,os hippies,e a porta foi arrombada de vez.
            Vejam o filme e entendam como estamos totalmente “dominados por eles”, as bandas e artistas da década de 60. Mister Zimmerman, surge em toda a sua pompa e mistério, em histórias que formam a lenda dos famigerados anos 60.
            Tem de tudo. As lendas pessoais e as criadas pela incipiente mídia do período. Entende-se a construção de um mito, e então equacionamos sua desestruturação. Simples assim, ou não, não importa. Diversos atores consagrados interpretam Mister Dylan em diversas situaçãos. Cate Blanche, Richard Gere, etc, e põe etc nisso. Afinal todos querem ser unos a uma fase dignificada como de mudança, os atores de Hollywood querem ser modernos eternamente.
            Esqueça, mas como arte, se não completa, ao menos benfazeja, se não passatempo ligeiro e isso é você que decide, afinal...
           
            “Quantas estradas um homem precisa andar,
            Antes que o chamemos de homem/
            Sim, e quantos mares uma pomba branca
            Precisará cruzar, antes de poder dormir na areia?
            Sim, e quanto tempo ainda as balas do canhão
            Irão voar, antes de serem banidas para sempre?
            A resposta amigo está soprando com o vento.”
(Blowin the Wind) Bob Dylan
                                Trad. Vera Caldas - Rock a história e a glória/ 1976.  

            No mais vou dormir. Tenho outros filmes ainda para “escarafunchar,” e falo deles depois.

            Boa Noite e Boa Sorte!






terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Segredo


                Onde o segredo? Qual o segredo? Estamos aqui, assim. O que ou quem nos elege? Somos ou não o supra-sumo da criação?
                “A poesia é o que resta quando tudo se esqueceu da história e é tudo o que passa do imaginário a ordem simbólica da palavra humana. Devolver à história o que não lhe pertence e ao homem, o que não é ainda dele”. O necessário para sustentar, auscultar o coração; de um universo voraz e veloz.
                Tempo, selvagem o tempo. Dias selvagens, pobres, perdidos e, no entanto somente dias. Imagens, instantes. Sôfregos instantes que passam, perpassam esses dias. E na memória, nada resta. Instantes apenas, segundos equidistantes suprema energia. Magia. Ode ao Deus das infinitas certezas.
                E nós aqui, (E= mc2). Tempo e instante presente. Entre dois mundos: realidade e ficção, flores de celofane, amarelas e verdes.
                Vejam as garotas com a luz nos olhos, olhos de caleidoscópio.             
                “Climb in the back, with your head in the clouds”. Caramba! Laços simbólicos, e afinal, quantos “eus” existem em mim? O que resta de mim em minhas filhas?
                Amor, banhado de luz, energia. A força secreta a mover aos seres no mundo.
 “O decifrar dos mistérios”. “Não são as explicações a nos levar para frente, é a nossa vontade de seguir adiante.” Nossa infinita vaidade, de ter gerado tanta beleza. Minha humanidade dispersa. Una e benfazeja, assim te creio.
Amores, meus amores, pedaços espargidos de mim.
Á vocês o mundo!

Bento que bento é o frade, na boca do forno... Que joça! Eis-nos aqui.






Citações:
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Coelho, Paulo, 1947-. C619b. Brida / Paulo Coelho. – Rio de Janeiro: Rocco, 1990
Duflot, Jean... As últimas palavras do herege.
Pílulas: The Beatles


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vaidade


Foto: Rosemary Ferrari - árvore secular

Tudo aquilo que eu disse, não importa como,
Comporta a um todo, que eu nunca disse. Simples assim.
As bobagens que dizemos; impávidas asneiras.

A liberdade não garante excelência,
O criar não precede o voo.

O mais insípido dos prazeres, sempre será um prazer.
Toda besta é comovente,
Assim como todo o princípio é vão.

Tudo aquilo que faço é artimanha
Para ganhar sua atenção, enquanto caminho a esmo
Erguendo o lírio branco da inveja.

Obsessões, obsessões. Nós somos nossos anseios
Nutridos por sonhos e pesadelos
Fiadas e guirlandas de medos e receios
E sobre as certezas de Ruth edifico.