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Bem Vindo!

"Todas as tentativas de tornar as coisas compreensíveis se fazem por meio de teorias, mitologias e mentiras."
(H. Hesse).

domingo, 28 de novembro de 2010

O Flâneur Ataca


            Exercitando a minha porção “flaneur”, uma idealização de Baudelaire, que se aplica a todos os que andam e amam belas cidades como a nossa, e fruem desse caminhar muito mais que só a vista, deslizava, eu, pelo centro da cidade, nos arrabaldes luminosos e a outros não tanto, mas livre das escórias, bem entendido. Aliás, faço parêntesis para declinar: (através de minha já proverbial non-sense) que doravante esse estado de espírito, o do “flaneur” dominará os textos aqui postados, visto a beleza ainda restante em nossa cidade, resistir aos Hunos da governança e dos empreiteiros.
            Volto ao que dizia, ou aqui explico, sofro da maldição do “inquietismo”, me é impossível ficar parado. O andar é pôs uma imposição da mente, mais que do corpo. Então, caminhando, eu, pelas ruas que por mais burburinho que apresentem, sempre mantém seu poder de acolhimento desperto, foi quando observei que de um dos prédios a minha frente, prédio antigo, começo do século XX, sobressaiam, cabeça e mãos e sob essas protuberâncias murais, duas molduras com dizeres, impossíveis de serem lidos da calçada, porque são muito pequenos, os dizeres, bem entendido, ou porque sejam de péssima qualidade dos meus óculos, ou olhos, de qualquer jeito, não distingui o que escrito ali estava. Corro em volta a olhar e esqueça aos camelôs, aos passantes eternamente apressados e você, se continuar mantendo alto seu olhar, poderá sentir-se em plena “belle-epoqué”. Está certo, têm também os fios elétricos, esqueça-os, pronto, 1930! Apesar da demolição, quase total, do Rio de Janeiro colonial, restam-nos bons exemplos de nossa arquitetura do inicio do século XX e o Centro é um ótimo exemplo disso.
            As igrejas, (sempre elas), também guardam inúmeros exemplos de como foram ricas nossas manifestações culturais. A Catedral da Rua Chile, por exemplo, possui um museu sacro interessantíssimo e pouco visitado.
             Estou postando fotos tiradas nas ruas do Riachuelo e  rua do Lavradio, as casas que aparecem são do início do século. Algumas bem descaracterizadas, mas é possível imaginar João do Rio desfilando por ali. Também algumas das ruas adjacentes, com prédios não tão antigos, mas de desenho arquitetônico singular.
            Na esquina ainda de pé, a mansão do Marquês do Lavradio ainda resiste, mesmo com as ilhargas afrontadas pelo trânsito, passantes, obras eternas etc. Próximo, o Templo Maçônico; obra arquitetada por Montigny (o mesmo arquiteto da casa França Brasil), embora, restem dúvidas.
Foto: R. Ferrari - Casa onde morou Gal. Osório - atual Escola de Filosofia - RJ

Foto: R. Ferrari - antiga fábrica de sabonetes - RJ- Estilo Eclético.


Foto: R. Ferrari - antiga fábrica de sabonetes - RJ- Estilo Eclético.


Foto: R. Ferrari - Estilo Clássico Português.

Foto: R. Ferrari - Sacada de Cantaria- RJ


Foto: R. Ferrari - Arte Déco - RJ
 
Foto: R. Ferrari - Estilo Clássico "deturpado" - RJ.

Foto: R. Ferrari - Arte Noveau - RJ


Foto: R. Ferrari - Rua do Lavradio - Neo Clássico - RJ.
  
Foto: R. Ferrari - Detalhe da Faichada Motivo Italiano.

Foto: R. Ferrari - Rua do Lavradio - Neo Clássico - RJ.

Foto: R. Ferrari - Rua do Lavradio - Neo Clássico - RJ.
             Penso que deveriam existir estátuas em homenagem a João do Rio e Joaquim Manuel de Macedo. O Rio não seria o que é, o que foi, sem eles.
            É... ainda terei muita história para postar sobre o Rio, uma cidade que tem a história toda aqui, em cada pedacinho, seja na zona sul, zona oeste, zona norte... mas o centro é riquíssimo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Rio de Janeiro

           
              Nunca dantes nesse país (não resisti a citar o nosso grande timoneiro), a máxima de que “as colunas foram construídas separadamente, mas juntas, sustentam a catedral”, faz-se mas certo. Estarrecidos vemos na TV ao noticiário de hoje. Ônibus e carros incendiados, ameaça de bomba, traficantes encurralados em morro, trocam tiros com policiais, helicópteros bordejam favelas e são atingidos, a eminência do caos .
            Esquecemos o principal. Nunca antes, foi facultada aos cariocas, a possibilidade de realmente influir em nosso destino.
            As velhas comadres que resfolegam, quando estão na fila do supermercado, reclamando das falhas dos policiais demonstradas, no jornal ou televisão, acabaram. As falhas se houveram, agora são nossas. Os comentários desairosos a corrupta e falha polícia, devem ser deixados de lado, As ações necessárias, serão as de ajuda. Consideremos por um momento o que ocorre. A pressão sobre os homens que servem na corporação policial, nunca foram tão grandes. Estão todos na rua. Corruptos e honestos, praças e treinandos, os que trabalham internos e os recém promovidos.
            Não existe por enquanto cortina, o que oculta.  Os policiais estão ombreados, tem que mostrar serviço. O colega ao lado, necessita do companheiro. Há uma “guerra” no ar. Como sempre existiu, mas antes, bastávamos cobrar ao policial, que não imolou sua existência nela. Não agora, não de novo.
            Espera-se que cada um cumpra o seu dever. E será com a tecnologia, com o senso comum, com planejamento e estratégia, que tal será ensejado. Temos telefones ao nosso alcance, linhas diretas com o preceito legal. Não nos afastemos disso.
            Habitamos de há muito, a dois mundos. E desses mundos escolhemos diariamente onde queremos estar. Se votamos, habitamos ao circunspecto estado da razão, fundada pelos franceses e ingleses, amparados no ombro de Gregos e Romanos, se multados formos, na esquina, no sinal, transmutamos, trocamos a dimensão do existir, corrompemos então ao guarda, habitamos uma sorumbática Biafra dos sentidos, afinal, o que são cinquenta reais? Se estamos na frente da fila, tudo bem que aquele colega se avizinhe, sempre poderemos afirmar, que guardávamos o lugar, E vai da valsa, jogamos papéis no chão, pois damos emprego a alguém afinal! Mudemos isso.Importemo-nos!
            Sobrecarreguemos as linhas telefônicas aos 190, disque denúncia, delegacias de bairro etc. O Rio sempre foi o do contra, sempre estivemos à esquerda do pensamento da nação como um todo. Pois bem, ensinemos outra vez ao Brasil, como pensar no novo, que se avizinha e agora foi ameaçado. Deixemos que o novo entre. Estamos a um paço do futuro. Que se mude a legislação. A lei necessita de agilidade, quebra das regalias a presos, julgamentos sumários, desde que comprovada à ameaça, presídios realmente inexpugnáveis, menor contato humano dos presos, com carcereiros, menos visitas, acompanhamento de visitas advocatícias, redução e ligação delas aos processos. Sem mudanças, sem visitas.
            Relembremos Voltaire, “Ser livre, é não estar sujeito a coisa alguma, exceto as leis.”

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Criação ou Apropriação?!

           Na coluna do Ancelmo Góis, do Jornal: O Globo de Domingo, o poeta maior do Brasil, Ferreira Gullar, reclama do possível plágio a um poema seu. No caso “Traduzir-se”, esse é o título, que teria sido copiado pelo chato dos chatos, o menestrel  auto esquecido da MPB, (isso, enquanto existia MPB), Oswaldo Montenegro, em 1980, sintomaticamente a década sem música.
            Poetinha..., e aí, roubo também descaradamente ao epíteto à outro colega dele, também poeta,  menor em letras, maior na música. (Meu Deus, essa discussão tende a ir longe).
            Então sigamos com uma amostra da verve de um, frente ao sonho de outro:

             “Uma parte de mim é todo o mundo
             Outra parte é ninguém: fundo sem fundo”.

            E segue “Metade”, no caso, a tal letra, poesia do outro, o Oswaldo.

            “Porque metade de mim é o que eu grito,
             Mas a outra metade é silêncio”.        

            Sacaram o plágio? Tá certo. O Ancelmo avisou aos incautos, e mais bobo do que eu, não haverá. "As duas obras são completamente distintas” Tá bom! Droga! Então porque a querela?
            A confusão quem cria é o poeta. Ele descarta coincidências e inspiração. Id e supra mundo.
            Olhemos em volta. Quem lê poesia hoje? Em qual escola pública, estudam-se os poetas, como se de um todo literário, parte fizessem? Não digo: Lorca, Pound, ou Elliot. Não citemos aos de língua portuguesa, posso queimar o palato.
            De repente, surge uma mestra do Tocantins, que revê com seus alunos diariamente: a Bandeira, Drumond e Pessoa. Acho difícil, mas vá lá. Ah, droga (outra vez), afirmo então. Poesia é arte morta no país! Coragem prossiga... Ninguém lê poesia na Terra Papagalis! Ainda... A maioria do Brasil confunde poesia com letra de música, cita Drumond se perguntado,  porque viram no Fantástico, vocês sabem “o show da vida” e de Bandeira, sabem só ao feriado, entendam, o dia da pátria. Duvidam?
            Seu Gullar tenha dó. Sua arte permanece ótima, seus dons, creia, ainda são fantásticos, mas  reflito no  aforismo de  Elliot “Os poetas imaturos imitam, os maduros roubam”
            De Ben Jonson a Picasso, toda arte talvez seja influência repartida. Borges não cria que todo escritor cria seu predecessor?
            Desde que a arte transmutou-se em mercadoria, apropriação e pecado, formaram a dicotomia mestra do mercado. George Harrison e Lennon já haviam dito: “que o controle criacional do compositor deveria ser abolido”.
            Existem bilhões de formulações interativas possíveis em música, mas graças ao gigantesco poder midiático, ouvimos pouca variação na música popular. Pior, ouvindo constantemente música, quem cria pode vir a “engravidar” seu cérebro, com espúrias influências. Os próprios compositores e produtores procuram copiar fórmulas vitoriosas, leiam-se, canções campeãs em venda. (como se ainda existissem canções). Quem não passou pela experiência de ouvir como outra, a uma nova música?
            Então os “safados” de plantão agora cometem “apropriação cultural” sofrem de “contaminação tautológica”?  É bem assim, mas persiste nosso senso.
            Mesmo em épocas de franco relativismo cultural, bafejado pelo vazio artístico e lambido pela gratuidade da internet, ainda restam alguns que se importam: os que lêem.
            O que manda é o crossover, a soma, a encruzilhada, o meltingpot, e vamos nós.
Há bem pouco tempo, discuti com um amigo que teimava em acusar de larápio, ao compositor Donga. Tudo por causa de “Pelo telefone” o samba registrado na Biblioteca Nacional pelo músico e o parceiro o “peru dos pés frios”, Mauro de Almeida, um jornalista “branco”. Segundo informações, a música uma criação coletiva dos jovens músicos negros, que não saíam da casa de Tia Cíata. Imaginem uma casa que englobasse um centro de candomblé, ateliê de costura, em épocas próximas do carnaval, onde se comia e bebia “a vera” e fartamente, onde brancos e negros tinham vida em comum, comungando das mesmas artes e ofícios. O que brota desse cadinho pertence a quem? É possível, que Mauro tenha dado a feição final, ás várias versões da letra.
            Por isso Gullar (quanta intimidade) não se avexe. Sua poesia continua sendo cantada. O Globo o tem incluído em seus programas. Tenho-o visto na GNT, em anúncios culturais, em horário nobre, em entrevistas mil. O maior poeta do Brasil, 88 anos, pode muito bem ter influenciado ao Montenegro. E afinal, a sua poesia é a que ficará.
            E cá para nós... Vocês combinaram isso não?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Doce Som da Ilusão

           Às vezes penso que deveria ter alertado minhas filhas, contra uma das maiores armadilhas frente à outrora imorredoura, prática do casamento. Avisá-las, de que tudo que no namoro foi sinônimo de enlevo, tudo que no namoro nos leva  a uma carinhosa atenção, pequenas manias cotidianas, daquelas que forçam os apaixonados a promoverem a um “biquinho” e passarem a tratar-se no diminutivo, aquelas maniazinhas, como: adorar tomar leite morno ao deitar, coleção de autorama, figurinhas, discos vinil, gibis, futebol sexta à tarde, etc. seriam causa de uma fulgurante surpresa.
            Claro, que também deveria ter comentado com meus genros, que aquelas doces e sensíveis maniazinhas, cândidas marolas do dia, como: comer iogurte com fandangos, preferir meias com desenhos infantis a qualquer outra etc. Pois é, tudo aquilo que adorávamos na época do namoro, aquelas coisitas banais, serão as que mais "odiarão" depois de casados. Esqueci, nada disse, também, pra que? Além de cego, o amor permanece um bom tempo, mouco, melhorando do mal, aos poucos.
            Enquanto lembrava disso, olhava minha coleção de cd’s, subindo em estantes pela parede e das discussões, homéricas, que tive com minha esposa acerca deles.
            Jovem, habitei numa época em que a música pop, estava sendo elevada a categoria de maior importância na “indústria cultural”.  Em 68, a indústria que supria os consumidores essa arte, vomitava toneladas de plástico e papelão, por sobre nossos longos cabelos, hirsutos pelos, penugens, encaracoladas madeixas, desesperadas calvas incipientes e tudo o mais. Renegar era então a palavra de ordem, não importava ao que, onde, ou quando, renegar isso sim, era importante. E claro, no vácuo, vieram guerras e tudo o mais, pois os mais velhos, sempre e por toda a eternidade, preferiram jogar seus jovens à morte a ter de enfrentar um afrontamento, querelas, discussões, vocês sabem, nada mais de direita... E a natureza odeia o vácuo, e o preenche com algo. Assim, vieram em seguida as discussões raciais, as urgências feministas, as pendências trabalhistas, os partidos extremistas, todos os “istas” da espécie. Nada mais de esquerda, as guerras continuariam, pois é de nosso feitio matar e sermos mortos.
            A África logo ali, nossa pátria segunda, com suas tribos incivilizadas e a época, e agora ainda, diversos países a sujeitá-la, de Cuba a França, da Inglaterra a Tio Sam, empobrecedor foi pouco.
            Perguntas esbaforidas, e o "kiko"? Respondo mais tranquilo, nada a ver...
            Pois é, o que soa agora como ainda importante é que a música que foi o motor de toda uma discussão, criação, vertente, baliza, motor, urgência pragmática, e, e, e, e, nada mais é agora do que simulacro, movimento, esquema, negócio, fantasia, sombra, lembrança midiática.

            Como, Umberto Eco, já havia escrito “A difusão dos bens culturais, mesmo os mais válidos, quando se torna intensiva, embota as capacidades receptivas” e segue, “...trata-se, porém de um fenômeno de consumo.” Claro como água, como dia de verão.
            Incrédulo, vejo em letras que seriam garrafais, se garrafas ainda subsistissem que a boy band de Pop Restart fará um show dia... Gargalho a bandeiras despregadas, banda de Pop no país do ritmo, Restart? Meu Deus, onde estais que não respondes?
            Garotos com pinta de desnutridos e famélicos, a gorar uma rima Tati-bi-tati- vazia a respeito do nada enquanto vazio, há sentido? Se não, não olhem para mim, são eles a ombrear com os Deuses e semideuses do Pop.
Pois agora é assim. Quanto tens? Tens muito? Uma parte fica outra parte é o quinhão. E jaz! SUCESSO!
            Retorno de iniquidades, a volta dos que nunca foram... Lagartixas que se querem dinossauros, bandas de um disco, que baixam mais downloads do que Led Zeppelin, hippies, de última hora, como precursores, calangos túrgidos, como artistas, o nada pelo nada, a lugar algum.

            Consumimos a música baixada, capada do principal, QUALIDADE! Do Arranjo equidistante, ao aviso bombástico de que são apenas 192 kbs, 160kbs, 128kbs, 95kbs, migalhas... Pérolas aos porcos, células da origem, milho ás galinhas da cultura. Não importa se aquela guitarra não á a original, se a bateria parece oca, se o coral rouco, ou a gaita difusa... Essa é a nova música.
            Música comprimida sempre terá perda. A perda será nas pontuações do gráfico. Música em gráfico é como um eletro, as pontas vão para o espaço, em acordo ao número de bits comprimidos. O volume foi capado, o agudo tornou-se frigir, o baixo é um buraco? Menos de 128 kbs tens no laço. Se parece estar bem, mas o som é de rádio FM, 192 KBS, têm no baço. Se tudo parece perfeito, e ao fechar os olhos, não sentes embaraço, podes ter certeza, 320kbs, tens no pedaço.
            Bom mesmo é o flac, esse é perfeito. Mas poucos têm de seu. Infelizmente é a performance da discórdia, a soma das incertezas, o desconhecido, pouco frequentado. Enquanto isso seguimos, não compramos, não ouvimos, nada que estorve, pouco que mude. Eric Clapton em sua “bio” diz que 85% da música pop atual, é lixo. Creio que foi muito bondoso em suas colocações.
            Houve tempo, meu amor, (não evito a repetição da frase, mas atente ao derradeiro ato), que o som total foi o mais importante, montava-se mesmo a mesas de som em casa, para divisão igualitária do ruído música, e pagava-se caro, muito caro. Hoje em MP3, resta-nos o frangalho.
            Antes o estúdio preocupava-se com a média de som por canal, hoje, priorizam ao grave. Sabem que será em pífio aparelhos de reprodução que se ouvirá aquela música, então por que melhorar a alquimia? Que soe como lata ao agudo, como cavernoso ao baixo, dê volume enorme á tudo, e estamos conversados. Não se vendem mais aparelhos de reprodução fina, amplificadores e equalizadores. Mesmice. Tudo são igualdade e rebotalho.

Então porque avisar minhas meninas, das sanhas da vida?
Que elas se acomodem nas fímbrias da doce ilusão.
Mas vale uma arte sentida, que uma falsa mesura da vida,
Mais, muito mais importante é a visão estendida,
Sobre uma pseuda iluminação.
          E estamos conversados.














segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Calunga

           

        Serra falhou por não se apresentar claramente como oposição. Serra errou por permitir ao PT, a formação de um plebiscito velado na forma do seu discurso e escolhas desse tipo, favorecem a quem está no poder. Serra errou por atacar o rigor fiscal. Serra errou, por demorar a sair á rua. Serra errou por prometer aumento dos impostos. A classe média, que é quem pagaria por essas medidas, correu. Serra permitiu, com a discussão religiosa, que setores, os quais ainda não participavam da campanha entrassem nela, e esses setores são os que mais receberam do “Lulismo”.
            Essas em suma, são as causas que surgem hoje na mídia, acerca da perda da eleição pelo PSDB. Todas corretas, ou não, fazem sentido. Todas são e serão dignas de apreciação e estudos dos marqueteiros, no mínimo durante os quatro anos que se avizinham.
            O que não surge nessas posições é a total  e inquestionável ojeriza á figura do candidato. Não acredito que em plena e total era do marketing, uma pesquisa de opinião, não tenha sido preparada, visando aferir nas ruas da “Terra Papagalis”, como o cultuado [nessa época] Zé Povinho, enxergava a figura do candidato defenestrado a timoneiro.
            Calvo, dedo em riste, olhar rútilo, falando peremptoriamente, relembrando um passado glorioso, que poucos ligavam a sua figura,Serra, nessa eleição, quase nunca fez isso. Na verdade isso é  uma rápida definição de sua atuação em outra pugna, onde também tomou chinelada,e pasmem, é visto assim, ainda e talvez para sempre pelo eleitorado _seja seu ou não_ . Lembremos de habitar a terras onde a primeira impressão é a que fica. Os deslizes de figuras públicas não são perdoados, salvo, se ele é o mocinho ou mocinha da trama e chora ao vivo,a terras  onde acusações sem prova valem com força moral e etc.
            Serra errou no ponto mais comum em marketing. O primeiro ponto a ser visto quando do relançamento de produto: a imagem. Mesmo brandindo suas mãos de grandes dedos abertos, como a implorar a chance, mesmo no esgar simpático de seus meio sorrisos complacentes, mesmo evitando os olhos arregalados e falando clara e compassadamente, ele soa a todos como um professor, um gestor, um dirigente, alguém que quer liderar. Emoção fora da roda. Foco. Em tese, o que também apresentou a candidata, contra quem lutava.
            Tá certo, não é exatamente isso por que procura o povo? Um líder, um chefe, um gerente? Não necessariamente, aliás, não mesmo.
            O povo procura a mesmice. E se o passado logo ali, esteve bom, porque mudar? O povo, nós, precisamos de um pai. Se for uma mãe, melhor. Sempre haverá a possibilidade de mamarmos as tetas flácidas da República das Bananas.
            Serra tropeçou em si mesmo. No afã de ganhar o tão almejado prêmio, esqueceu de olhar-se no espelho. Um Dorian Gray às avessas. O PSDB Colocou para escanteio Aécio Neves, que [Meu Deus!] poderia ser o novo Collor!! É simpaticíssimo, trafega na dita área cultural, com a desenvoltura de Fred Astaire.Conhece biblicamente ou não a  modelos, artistas iniciantes e iniciadas, ex-esposas, dele mesmo e de outros, um verdadeiro onívoro .Tem dinheiro. Tio famoso na lápide da história, e na do cemitério;símbolo sem chance de respostas. Vida escancarada na medida do que o povo sabe e vê. A novela das seis, das oito e das dez.Jovem, é   um compêndio sul americano do fazer política, que, diga-se de passagem, parece estar sendo copiada em outras partes do mundo, com relativo sucesso e pronto;a massa estava pronta. Tia Anastásia já havia batido o bolo, faltava o tal Pedrinho ir à caça, e a Cuca Serra, estragou tudo.
            Serra errou por não ver, ou querer ver, que havia cansado sua imagem, esgotado seus truques, que o show que estava no palco é o que o povo prefere continuar vendo. É como nas novelas. Tem crime aqui e acolá, tem gente grande presa, tem seleção jogando e agora são duas: futebol e vôlei. Nem Médici pediu tanto. Tem mesa, se não cheia, ao menos frequentada, o que é uma mudança gigantesca. Ninguém entendia uma Biafra em cada esquina. Tem gente pequena subindo e gente grande caindo, igualzinho novela.Tem até sexo,mas disso não falo.
            Serra errou por querer abocanhar o assado, que o PSDB temperou, mas Lula que se tornou um récipe de populismo fechou-lhe o forno na cara. Correm agora o perigo de Aécio fundar seu próprio partido. Imaginem se uma junção Marina/Aécio fosse possível? Ou se Lula, e está demorando muito, abandonasse a combalida tábua de tiro ao alvo que é,e mais ainda será, o atual PT _ poder e flatulência, grandeza e vazio_ e desse cria a uma nova legenda? Um Peronismo cucaracha, um Getulismo moderado, um Castrismo soft?
E se, e se... Quem sabe o mal que se esconde no coração humano? Só o sombra sabe!