Exercitando a minha porção “flaneur”, uma idealização de Baudelaire, que se aplica a todos os que andam e amam belas cidades como a nossa, e fruem desse caminhar muito mais que só a vista, deslizava, eu, pelo centro da cidade, nos arrabaldes luminosos e a outros não tanto, mas livre das escórias, bem entendido. Aliás, faço parêntesis para declinar: (através de minha já proverbial non-sense) que doravante esse estado de espírito, o do “flaneur” dominará os textos aqui postados, visto a beleza ainda restante em nossa cidade, resistir aos Hunos da governança e dos empreiteiros.
Volto ao que dizia, ou aqui explico, sofro da maldição do “inquietismo”, me é impossível ficar parado. O andar é pôs uma imposição da mente, mais que do corpo. Então, caminhando, eu, pelas ruas que por mais burburinho que apresentem, sempre mantém seu poder de acolhimento desperto, foi quando observei que de um dos prédios a minha frente, prédio antigo, começo do século XX, sobressaiam, cabeça e mãos e sob essas protuberâncias murais, duas molduras com dizeres, impossíveis de serem lidos da calçada, porque são muito pequenos, os dizeres, bem entendido, ou porque sejam de péssima qualidade dos meus óculos, ou olhos, de qualquer jeito, não distingui o que escrito ali estava. Corro em volta a olhar e esqueça aos camelôs, aos passantes eternamente apressados e você, se continuar mantendo alto seu olhar, poderá sentir-se em plena “belle-epoqué”. Está certo, têm também os fios elétricos, esqueça-os, pronto, 1930! Apesar da demolição, quase total, do Rio de Janeiro colonial, restam-nos bons exemplos de nossa arquitetura do inicio do século XX e o Centro é um ótimo exemplo disso.
As igrejas, (sempre elas), também guardam inúmeros exemplos de como foram ricas nossas manifestações culturais. A Catedral da Rua Chile, por exemplo, possui um museu sacro interessantíssimo e pouco visitado.
Estou postando fotos tiradas nas ruas do Riachuelo e rua do Lavradio, as casas que aparecem são do início do século. Algumas bem descaracterizadas, mas é possível imaginar João do Rio desfilando por ali. Também algumas das ruas adjacentes, com prédios não tão antigos, mas de desenho arquitetônico singular.
Na esquina ainda de pé, a mansão do Marquês do Lavradio ainda resiste, mesmo com as ilhargas afrontadas pelo trânsito, passantes, obras eternas etc. Próximo, o Templo Maçônico; obra arquitetada por Montigny (o mesmo arquiteto da casa França Brasil), embora, restem dúvidas.
É... ainda terei muita história para postar sobre o Rio, uma cidade que tem a história toda aqui, em cada pedacinho, seja na zona sul, zona oeste, zona norte... mas o centro é riquíssimo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário