Porque havia sido escolhido o local,
Delimitado, sancionado.
Porque os que para ali se dirigiriam saberiam onde estariam.
As arestas foram então distendidas.
Agigantaram-se as certezas, pois um local havia sido estremado,
Cumprindo assim os vaticínios.
Todos os de sangue semelhante, e os de sangue requerido,
Singraram então as correntes da dúvida e da perspectiva.
O medo do incógnito e do real dos umbrais do mundo.
Não exigir ser livre e não estar sujeito,
Souberam depois, algo havia sido solicitado.
Sem égide, rito, ícone ou figura.
Indelével no mundo, o abstrato da raça,
Pediria apenas tangível reverência
Pois sabia, que dali a frente, o absoluto, ruíra.
Uma noite eles chegaram.
Os pastores em seu movimento anunciaram.
Todos os pequeninos acorriam.
Vozes sussurrantes no dia, veementes ao escurecer,
Floridas de histórias, eivadas de sonhos.
Luz a industriar a melancolia em esperança
Aclarar a decência, sanar o mal,
Sarar a fome e a sede de pão, verdade e amor.
Naquela noite, três homens estiveram presentes
Ao nascimento do menino.
Os pergaminhos riscados partiram túrgidos da história,
Da parturiente e do menino.
Transformaram-se em lendas, escárnio, canções,
Blasfêmias, sonhos, relicários, livros e esperanças além.
Naquela noite a palavra fez-se carne.
Morreram dúvidas e a melancolia.
A vida tornou-se mais do que nascer ou morrer.
A luz do mundo eclipsou a do Oriente, do Ocidente e mais,
Provou que a incerteza, sempre esteve, nos outros,
Fé não era mais magia,
Fora da lógica ilógica das religiões, subsistia a palavra,
Além de toda e qualquer desesperança.