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Bem Vindo!

"Todas as tentativas de tornar as coisas compreensíveis se fazem por meio de teorias, mitologias e mentiras."
(H. Hesse).

domingo, 15 de janeiro de 2012

Saudades!!


        

         Caramba! É tão rápida, tão fugaz. Escorre pelos dedos, e eu já sabia.
         Traz então ó vento, aquelas canções todas, todos os músicos e suas sarabandas. Todos os blues, rocks, tangos e boleros. Todos os gemidos. Traz então, devolve ó vida, o que perdemos, acreditando em ti.
         Ao menos sei que tu soubeste aproveitar a comida mais gostosa, o sumo mais apetitoso. Experimentaste a todos os acepipes, iguarias vãs, mas não menos reais que a vida. E o que é na verdade um bom prato? Será menos que um retrato de nossa cultura, nossa fugidia humanidade?
         Profundo conhecedor dos segredos recônditos de um bom vinho, da espumante cerveja, do acerto do alho, do sal e do alecrim, mesmo sem nada entender de caçarolas.
         A profundidade da vida é medida, por nossas descobertas e realizações. O que construímos com nossas visões, realidade, sonhos e adivinhações.  Mesmo sabendo de antemão que todos iremos... não aceitamos essa sina. É! Vivemos sem a vida aproveitar, ao contrário do que você fez.
         Ah, Carlos! Quanto faltou dizer, mostrar, conversar, aprender com você. Como planejei ao que não ocorreu, veja só que desperdício!
         Lembra da conversa, sobre a arte, que tivemos em sua casa? Das diferenças  gigantescas entre o nosso tempo  e o que se avizinha agora? Pois é... Saudades.
         Você o colecionador. O que amealhou fagulhas de cultura dispersas hoje, como banais informações, importantes como nunca o foram, e poucos as conseguem compreender agora. Você sabia.
         Saudades de você!
         E a obra principal, seus filhos? A arte exposta, a que cumprimos visando nossa marca em um futuro qualquer, essa você também cumpriu. Seu trabalho foi cumprido integralmente, pois partiste antes deles, e isso é o que a vida preconiza como correto.
                   Mas lembra, de que teu filho num arroubo de clarividência intuiu a necessidade de uma despedida. E lá fomos nós para um churrasco alegre, a cerveja gelada, os dois teus e a minha, os filhos satélites. Filhas e filhos, nossa raiz, chama, vida! Provada agora com o que sabemos das descobertas de nossos genes, a raiz do que deixamos às gerações futuras é muito real. Multiplicamo-nos, e você estará sempre aqui.       
Foto: R.Ferrari

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